sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Para compartilhar e Refletir.... Uma visão pedagógoca do filme Tempos Modernos.

Trabalho de análise e reflexão sobre o Filme Tempos Modernos de Charles Chaplin.
Uma visão pedagógica.
Cristiane Oliveira Cruz
Universidade Castelo Branco

Em síntese podemos atribuir ao filme como um modelo da Pedagogia liberal tecnicista com sua organização racional e mecânica, visando corresponder aos interesses da sociedade industrial.
“Tempos Modernos”, de 1936, não é só uma comédia. O filme, escrito e dirigido por Charles Chaplin, é lembrado por suas cenas hilárias, mas também pela sua contribuição em diversas áreas do conhecimento, muito utilizado como recurso pedagógico para análise e estudos de diversos cursos de graduação e formação profissional.
Chaplin, já naquela época, possuía uma visão futurista. Além de grande artista, um pensador...
O que Chaplin queria nos dizer ao editar o seu filme dessa forma? Será que não conseguimos aprender lições com Carlitos?
Podemos realizar reflexões ao assimilarmos o personagem Carlitos aos alunos que nos deparamos no dia a dia.
As primeiras cenas do filme mostram um rebanho de ovelhas seguindo a mesma direção, nota-se ainda na mesma cena, no meio deste rebanho uma ovelha de cor preta no meio de tantas ovelhas brancas. Figurativamente podemos associar a imagem ao cotidiano escolar e sugerir algumas reflexões: Que tipo de educador sou eu? Que segue tendências? Que segue a multidão, fazendo a mesma coisa que outros já fazem? Ou, Que tipo de alunos estou formando? Como posso contribuir para quebrar padigmas? Posso ser ou agir diferente dos demais educadores? Quero formar pessoas para fazer a diferença?
Em cenas posteriores, mostra Carlitos e outros operários realizando repetidas vezes o mesmo movimento, a mesma tarefa, e quando Carlitos ao parar para se coçar é imediatamente advertido por seu superior. Quantas vezes podemos assimilar esta cena ao cotidiano escolar? Onde os alunos são submetidos a atividades de cópias exaustivas da mesma frase; de cálculos, fórmulas, regras; sem oportunidade de refletirem sobre o que aprendem, sendo obrigados a decorar. E por muitas vezes advertidos por professores através da frase: Não pergunte, apenas faça logo estes exercícios! , ou algo parecido. Assim como na pedagogia tradicional. Ao aluno, cabe assimilar os conhecimentos que lhes são transmitidos. Onde o professor expõe as lições, e os alunos devem servir e fazer os exercícios referentes.

Na mesma cena podemos citar que Carlitos trabalha incessantemente, e com grande dificuldade; o que não é notado por seus superiores. O despreparo, digo: a má formação dos educadores faz com que possamos mais uma vez, ressaltar tal semelhança ao cotidiano da educação escolar, onde alunos submetidos a atividades mecânicas apresentam dificuldades de aprendizado. De quem é a culpa?

Tais dificuldades são apresentadas diante dos pais, como deficiência do aluno que é submetido à reprovação e por muitas vezes a sessões de psicoterapia para se conhecer a causa do problema de aprendizado. Promovido por ações de professores mal preparados e descomprometidos com o desenvolvimento global do educando.

Esta problematização da educação pode ser comparada ainda à cena, onde Carlitos tem uma crise nervosa, que o leva a sabotar a fábrica. E é demitido e colocado em uma clínica psiquiátrica.

Carlitos e os demais funcionários são submetidos a situações de estresse, onde são “monitorados” (vigiados), por superiores e o presidente da empresa. O filme aborda ainda na cena onde o “gestor” da empresa permite testar uma máquina de automação de refeição, que tem por objetivo diminuir a perda de tempo e produção do funcionário na execução de suas atividades, permitindo que o funcionário trabalhe e se alimente ao mesmo tempo.

Carlitos é submetido ao teste desta nova tecnologia, que inibe suas habilidades motoras, de lazer e descanso. Tal situação pode ser também comparada a gestores escolares que submetem aos alunos a sistemas de normas (regimento interno) rígidos sem ofertar uma proposta de ensino integradora, democrática e prazerosa. E que não possui uma filosofia de ensino bem definida, testando nos alunos todos os tipos de métodos sem conhecimento da necessidade real do educando e da clientela atendida.

Ou ainda compararmos a situações de sala de aula, com atividades de repetição, já citadas, sem abordar a ludicidade. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. Caracterizando-se por ser espontâneo funcional e satisfatório. Segundo Luckesi são aquelas atividades que propiciam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis. Para Santin, são ações vividas e sentidas, não definíveis por palavras, mas compreendidas pela fruição, povoadas pela fantasia, pela imaginação e pelos sonhos que se articulam com materiais simbólicos.

Em outra cena, Carlitos é diagnosticado como curado da crise nervosa e volta à sociedade, onde é confundido como agitador e é marginalizado e preso.

Por muitas vezes o educando recebe estereótipos por seus professores, que acarretam em distúrbios de personalidades e distúrbio morais e passam a viver marginalizados. Conseqüência dos atos dos seus “Deseducadores”.

Uma cena que gostaria de ressaltar aqui, se passa na delegacia onde Carlitos está aprisionado, e ocorre uma tentativa de fuga por alguns presos. E ele não se corrompe mediante a situação. Não aproveita a oportunidade para ser complacente a fuga. Quero enfatizar numa abordagem diferente, onde coloco o apelo e relaciono nesta cena a ação do personagem ao educador para que não se corrompa mediante as dificuldades apresentadas em nosso ofício.

O filme retrata ainda várias cenas da sociedade, que são abordagens de outras áreas de graduação, mas, que podem ser analisadas pela pedagogia social.

Durante o filme, Carlitos se mostra um desajeitado. Tentando em vão todo tipo de emprego, mas sempre é traído por sua ingenuidade, ou pela sua bondade, ele e sua amada acabam parando em um restaurante, onde revelam grande aptidão para a dança (ela) e para a comédia (ele). Diante desta cena podemos analisar e porque não afirmar que: a função do educador é descobrir talentos. E não enterrar talentos. Usar a pedagogia da afetividade e valorizar a teoria das inteligências múltiplas.

A atualidade do filme está em mostrar a busca de uma sociedade mais justa e retratar problemas sociais vividos nos “tempos modernos”. Ainda hoje, existem bilhões de “Carlitos Professores” e “Carlitos alunos” que esperam a oportunidade de fazer a diferença.

Chaplin transmite uma mensagem de forte otimismo. Com um simples gesto, pede sua companheira sorria diante de todas as dificuldades. Para terminar deixo para reflexão as citações abaixo:

“Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.”
(Paulo Freire)


“A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades... Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido”. (Trecho do Poema Educar de Rubem Alves )

1 comentários:

dane disse...

amei essa pagina , tem coisas interessante e que nos edificam que Deus nos abençoe sempre!!!!!

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