segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Volta ás aulas ! Recebendo os alunos...


Nos primeiros dias de aula, os alunos precisam ser acolhidos. Veja como recebê-los bem, como realizar a adaptação dos bebês e das crianças na Educação Infantil . Em sala de aula, aproveite a primeira semana para conhecer a nova turma com avaliações iniciais.

Adaptação - Educação Infantil


As primeiras relações sociais da criança ocorrem na educação infantil. Muitos estudos indicam que a qualidade do relacionamento que estabelecem com os pais, é fundamental no desenvolvimento social da criança. A atenção e o afeto recebidos na infância, tanto dos pais quanto dos professores e demais adultos com os quais convive, ajudam-na a ver o mundo de forma positiva e a acreditar que a convivência com os outros também será agradável. Na verdade, as crianças precisam de bons modelos para desenvolver habilidades sociais.
Ao iniciar a sua adaptação na Educação Infantil, a criança vive um momento de muitas mudanças de uma só vez. Afasta-se parcialmente do convívio familiar e cria novas relações afetivas. Para que essas mudanças sejam incorporadas de maneira tranqüila pelas crianças, nós temos o cuidado de envolver os pais nesse processo de adaptação, pois permanecendo na escola e vivenciando a formação de vínculos de afeto com o professor e com os demais colegas de seu filho, assim como observando a implantação da rotina pelo grupo, acreditamos que os pais ficam seguros e naturalmente passam essa segurança para as crianças.





Como são essas crianças?

EDUCAÇÃO INFANTIL - Crianças de 18 meses a 05 anos

  • Querem descobrir, conhecer, investigar o mundo que as rodeia;
  • Tem os sentidos aguçados: tocam tudo o que vêem;
    Sentem, cheiram, são atentas aos ruídos, sons ritmados, movimentos, percebem e identificam as cores e as formas;
  • Habilidosas para colher informações, para buscar soluções simples e às vezes fantásticas para os problemas;
  • Tem grande capacidade de preservar histórias na memória...
  • Querem saber os por quês de tudo! Por que será?
  • A imaginação e a fantasia ocupam grande parte de suas brincadeiras!
  • Nos jogos dramáticos, exercitam o comportamento de imitar ações, revelando a sua criatividade e assim vão entendendo como as coisas são na realidade...
Aprende-se muito brincando ...


As brincadeiras são muito mais do que momentos de diversão descompromissados. Com o estímulo certo, ajudam a criança a entender melhor o mundo. Entendemos que a recreação tem papel fundamental no desenvolvimento infantil.
Uma criança que se distrai empurrando uma caixa, acaba descobrindo a força de seu corpo e aprende noções de causa e efeito. Quando brinca, mesmo sozinha, ela ordena o pensamento, estimula a criatividade e aperfeiçoa a capacidade de resolver problemas. As atividades lúdicas também ajudam a criar e a consolidar a auto-estima.




- COMO A FAMÍLIA PODE AJUDAR A CRIANÇA A PASSAR PELA ADAPTAÇÃO ESCOLAR?


Diminuindo o nível de ansiedade da criança, conversando com ela, falando sobre a escola e sobre as situações que podem acontecer nessa nova rotina. Os pais podem acalmar a criança, estimulando-a com comentários do tipo: “você vai ter muitos amiguinhos”, “vai poder brincar”; além de incentivá-la fazendo comentários positivos sobre a professora e a hora do lanche.


- QUANTO TEMPO A CRIANÇA DEVE E/OU PODE SER ACOMPANHADA POR FAMILIARES OU RESPONSÁVEIS NA ESCOLA?

Esse é um processo bem particular de cada criança. Para aquelas mais autônomas e com maior facilidade de sociabilização, a adaptação ocorre sem problemas. O recomendável é que esse acompanhamento da família junto a criança, se dê com uma presença mais prolongada na primeira semana de aula. A partir da segunda semana de aula, os pais e/ou responsáveis devem ir diminuindo o tempo de permanência na sala de aula, mas sempre tendo o cuidado de informar a criança de que estarão presentes na escola. É importante que ela saiba que está num ambiente onde pode se sentir segura e protegida e que o acompanhante está por perto.Se o adulto precisar sair da escola, deve comunicar a criança dizendo que vai voltar, pois dessa forma ela não se sentirá abandonada. Nunca esquecendo que a fase de adaptação respeita o tempo de cada criança e que as recaídas e choros são naturais nesse início de ano letivo.

- LEVAR BRINQUEDOS E OBJETOS DE USO PESSOAL DA CRIANÇA PARA A ESCOLA AJUDAM A DIMINUIR AS SAUDADES DE CASA?


Nessa fase de adaptação sim. Desde que a família não exagere mandando coisas demais para a escola. Um brinquedo ou objeto especial para a criança pode sim servir como referência para que ela compreenda que nem tudo neste novo ambiente é estranho. Esse é um recurso que pode proporcionar aos pequenos a sensação de “porto seguro”.

- COMO SABER SE O CHORO É MANHA OU SE A CRIANÇA ESTÁ REALMENTE ENFRENTANDO DIFICULDADES PARA SE ADAPTAR AO NOVO AMBIENTE?

A família pode ajudar bastante informando a professora como essa criança funciona, já que no início do ano letivo alunos e professores ainda não se conhecem e tudo é novidade. A criança é quem vai dizer muito sobre sua personalidade. Depois, no convívio diário, essa educadora terá que observar os comportamentos dessa criança para aprender a identificar a natureza de seu choro. Especialmente durante a fase de adaptação, a família é que estará sinalizando essas mudanças de comportamento. O choro é natural, mas os pais devem ficar atentos as reações de seus filhos, dando-lhes apoio e conforto nesse período de tantas mudanças.

- ALGUMAS DICAS SOBRE OS COMPORTAMENTOS QUE OS PAIS COSTUMAM TER E QUE DEVEM SER EVITADOS PARA NÃO ATRAPALHAR A CRIANÇA NA FASE DE ADAPTAÇÃO ESCOLAR?

- Sair da sala de aula ou do ambiente da escola sem uma despedida prévia.
- Comparar a criança a outro coleguinha que está apresentando uma adaptação mais tranquila.
- Querer trazer toda a rotina de casa para a escola, como por exemplo: conversar com a professora na frente da criança dizendo tudo o que ela gosta e não gosta, o que come e não come, se ela é tímida… enfim, fazer comentários que impeçam a professora de construir e trabalhar junto com a criança a adaptação dela aos novos momentos compartilhados no ambiente escolar.


Sugestões de Atividades:
Prepare um ambiente acolhedor em sala de aula, estabeleça cantinhos com atrativos para as crianças;

  • Cantinho da artes - potes enfeitados e coloridos contendo lápis de cor, giz de cera, papéis, etc...



  • Cantinho dos brinquedos - Um cantinho com almofadas coloridas, brinquedos variados.



  • Coloque ou cante musiquinhas, faça atividades ritmadas...Mostre a criança que a escola é um local divertido, é claro que ela terá que se adaptar as rotinas escolares...



  • Incluir o lúdico em suas atividades diárias, farão da escola um momento de prazer.

    domingo, 17 de janeiro de 2010

    Projeto Resgate do Valores Humanos!

    A ONU definiu o conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida associados à cultura de paz na Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz, divulgada em 13 de setembro de 1999. Diversas instituições em todo o mundo aderiram a esta declaração e se empenham na concretização destes ideais.
    “Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados:


    (Fonte: ONU, 2004).

    Todos pela Paz! Todos pela Educação!

    Resgatando o que nos torna humanos

    Vivemos em uma era violenta; sofremos violências cada vez maiores e com mais constância; assistimos quotidianamente manifestações de violência... a violência entra em nossas casas, muda nossa vida, nossos valores, nossas famílias, nossos comportamentos.

    A violência é um sinal, um sintoma de uma sociedade que não criou apreço pelos valores e acabou formando adultos sem referenciais de cidadania e de respeito pelo próximo.

    A violência é a marca de uma sociedade excludente (que exclui em todos os sentidos, até afetivos). A solução, a longo prazo , desses problemas exigem uma verdadeira revolução na maneira de educar nossas crianças.

    E como fazemos isso?

    Há muitos pesquisadores, de variadas áreas de conhecimento, que vêm pensando no humano na atualidade. Existe um educador que há décadas vem tocando a melodia do resgate dos valores humanos básicos, a saber: A VERDADE, A RETIDÃO, A PAZ, O AMOR, A NÃO-VIOLÊNCIA . Ele se chama Sathia Sai Baba e é indiano (MESQUITA, 2003).

    Ele propõe que estimulemos esses valores em nossas crianças. Ele afirma, e nós dia a dia comprovamos isso, que à medida que a criança for utilizando a intensa capacidade amorosa que existe dentro dela, germinarão os valores humanos em seu coração, o que se refletirá no comportamento familiar, social e profissional. Independentemente de dificuldades, sofrimentos e decepções que, como todo ser humano, ela encontrar em sua trajetória sobre a Terra, será feliz. Porque felicidade, afinal, não é estar radiante de alegria e de bom humor diariamente, mas permanecer em harmonia com sua natureza humana.

    As leis da natureza humana só serão cumpridas quando conseguirmos ser leais à verdade, o que nos levará à retidão, à qual nos proporcionará a paz. Estando em paz, torna-se possível para nós viver e entender o verdadeiro amor incondicional. Com esses valores aflorados, somos capazes de praticar a não-violência, que é a abstenção de ferir o outro pelo pensamento, palavra ou ação.


    Quanto antes começarmos, melhor e mais fácil...

    Projeto Escolar 2010

    "A verdadeira finalidade da educação é a formação do caráter."


    (Sathya Sai Baba)



    Educar: deriva do latim educare que significa revelar o que está dentro, ajudar no surgimento das habilidades e potencialidades, dos dons de cada pessoa. Cada ser humano, junto com o conhecimento das ciências, deve também adquirir humildade, disciplina e bom caráter, ou seja, deve saber e ser. Deve ter consciência de si, do outro, do nós e de que tudo que existe está inter-relacionado (TIBA, I. 2002).


    Nossos pequenos só serão educados se nós os educarmos e, mais do que isso, se nós nos educarmos, nos deixarmos educar nos valores humanos da:


    VERDADE, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE SER DITO;


    RETIDÃO, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE SER PRATICADO;


    PAZ, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE PREENCHER NOSSA MENTE;


    AMOR, ENQUANTO AQUILO QUE DEVE SE EXPANDIR DENTRO DE NÓS;


    NÃO-VIOLÊNCIA, ENQUANTO AQUILO QUE DEVEMOS SER PLENAMENTE...
    Tudo inicia com o pensamento, não é mesmo?
    E é por meio dele que devemos iniciar a transformação. Nossa vida é resultado do que pensamos e do modo como pensamos, individual e coletivamente. É por isso que, para melhorarmos nossa realidade, devemos alterar positivamente nossa maneira de pensar e, conseqüentemente, de agir. E isso é importante no nosso dia a dia com nossas crianças: linguagens e atitudes que despertem inferioridade, baixa auto-estima, insegurança, agressividade, desrespeito as regras e ao próximo... tudo isso sabota a capacidade deles de terem uma vida estruturada, harmoniosa, de sucesso, feliz.

    Se educar, uma das tarefas de todo adulto frente a uma criança, é apresentar exemplos, devemos resgatar nossos valores humanos, deixando aflorar nossos melhores sentimentos (MILLOT, 1987).

    Para resolver os problemas do mundo, precisamos reconstruir o indivíduo, pois a situação externa de uma nação reflete a situação interna de cada um de nós. Não se pode construir uma sociedade justa se não houver homens e mulheres, crianças, idosos, justos.
    Muito mais importante do que favorecer uma avalanche de conhecimentos e informações às nossas crianças é o fato de nós os formarmos enquanto pessoas humanas, incentivando-os a darem o melhor de si.

    Devemos juntos, educadores, pais e responsáveis, tomar essa atitude diante de nossas crianças, tornando isso nossa missão: colaborarmos para a formação humana integral de nossos pequenos!

    2010 - Volta ás aulas! Vamos planejar e refletir....


    A complicada arte de ver
    Rubem Alves

    Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria!

    Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista!

    E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
    Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda.
    Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
    William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra.
    A pedra que ele viu virou poema.
    Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
    Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram".

    Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
    Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...
    O texto acima foi extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004.

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